Nos últimos quatro anos, mala preta e mala branca foram assuntos corriqueiros no São Paulo. Na briga pelo título Brasileiro – três deles conquistados –, dirigentes, comissão técnica e jogadores, na reta final da competição, foram questionados sobre a possibilidade de receber incentivo financeiro ou então de saber se algum concorrente direto pelo primeiro lugar estaria envolvido em caso semelhante.
Fora do páreo pelo título deste ano, o Tricolor, mesmo assim, pode ajudar a decidir o campeonato. Isso porque ainda vai enfrentar o líder Fluminense. Com isso, conta com a possibilidade de influenciar diretamente na perda ou na garantia da taça para o Corinthians, algoz no último domingo, hoje segundo colocado. Questionado sobre facilitar a vida dos cariocas para prejudicar o rival regional, Fernandão disse:
– Não acredito que peçam (diretoria do São Paulo) para perdermos ou facilitarmos a partida. Vamos jogar contra uma equipe que está na ponta da tabela. É sempre a história de tirar a responsabilidade de um e colocar em outro. São 38 rodadas, 19 em casa e 19 fora. Cada um constrói sua história em um campeonato que é igual para todos.
Em 2007, ainda pelo Internacional, Fernandão foi pivô de polêmica que envolvia incentivo financeiro (leia mais abaixo). O atacante, na época, foi alvo de críticas por parte dos corintianos.
Com personalidade e visivelmente irritado ao ser questionado sobre o que pensa sobre mala branca e mala preta, o camisa 15 foi contundente. De prontidão, rechaçou receber dinheiro para entregar um jogo. No entanto, pela vitória se tratar de uma obrigação do jogador de futebol, ele não foi contrário ao incentivo em buscar resultado positivo para sua equipe. O atacante deixou a possibilidade aberta:
– Para ganhar, pode até existir. Existe, acho que é normal, acontece no dia a dia. Para entregar jogo, me desculpe, com todo respeito, mas não existe. Eu asseguro.
Então, se o Corinthians quiser ajuda do rival para ser campeão, vale a tentativa. Fernandão, um dos líderes do grupo, não vai achar absurdo. Se ele vai aceitar ou não, daí só recebendo a proposta para saber qual resposta será dada.
Veja memória de 2007, quando Fernandão estava no Internacional:
Corinthians rebaixado
Em 2007, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, Corinthians e Goiás brigavam contra o rebaixamento e enfrentaram Grêmio e Internacional, respectivamente. O Corinthians tinha um ponto à frente, mas só empatou em 1 a 1, no Olímpico. O Goiás, então, venceu o Inter por 2 a 1, de virada, em casa, e terminou o campeonato um ponto à frente da equipe paulista. O Corinthians foi rebaixado para a Série B.
A acusação
Depois da partida, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, acusou os jogadores do Inter, que teriam sido liderados por Fernandão, de entregar o jogo para o Goiás. O dirigente disse que alguns deles, Fernandão em especial, jamais colocariam os pés no Parque São Jorge. Ano passado, o diretor de futebol Mário Gobbi reforçou o discurso, descartando negociar com o atacante, que estava no mercado.
A defesa de Fernandão
Fernandão sempre negou ter feito corpo mole contra o Goiás no episódio do rebaixamento do Corinthians. Ele se defendeu na época: "Quem caiu foi o Corinthians, e não o Inter. E outra coisa: se o Corinthians quiser que os jogadores do Inter joguem para ele também, que pague o nosso salário. A gente trabalha para o Internacional. A gente honra a camisa do Internacional e é o Inter que paga o nosso salário", disse à época. Este ano, assim que se apresentou ao São Paulo, o jogador repetiu o discurso em entrevista ao LANCENET!. Ontem, tentou acabar de vez com a polêmica.
Confira bate-bola com Fernandão sobre o assunto:
Como você analisa mala-branca ou mala-preta no futebol?
Desde 2003, quando começaram os pontos corridos, a maioria das matérias, programas esportivos, falam em mala branca, preta... Agora, será tricolor. Então, este ano volta, tanto para cima quanto para baixo. Eu não acredito. Só em motivação extra para vencer, para perder acho que é muito difícil de acontecer.
Então você é a favor do jogador receber mala branca, é isso?
Não é ser a favor ou contra, mas todo fim de ano se fala disso. Hoje em dia se tornou normal no fim da temporada, quando faltam quatro, cinco rodadas. Não vejo nenhum problema em relação a acontecer isso no dia a dia.
Pelo Fluminense ser líder e o rival Corinthians estar na briga pelo título, você podem entregar o jogo que vão ter contra os cariocas?
Chega a incomodar esse negócio de que vai entregar. Jogador no Brasil é tratado como bandido. Que vai ganhar seu dinheiro, depois vai embora e, me desculpe a expressão, que se dane os outros. Também somos pai de família, tenho de dar exemplo para fãs e para meus dois filhos. Cada um que vença seus jogos e seja campeão. Perdi um monte. Agora, se perder para o Fluminense, é porque entreguei? Todo fim de ano é a mesma história, a mesma ladainha, como foi em 2007, com o Inter. Nós também somos homens.
Então, não existe este tipo de situação no futebol brasileiro?
Dentro do futebol tem premiação para ser campeão e ganhar. Tem cara que está defendendo a permanência dele, jogador que tem de provar para o Carpegiani. Você não reune 30 jogadores para entregar um jogo. Acha que não vai ter um que vai falar algo, que vai soprar fora. Me desculpa, mas o cara vai falar para o Rogério entregar o jogo? Olha a história dele no clube. Isso não existe. Vocês vendem e tem de vender (jornal), mesmo. Comentam um monte de coisas, porque tem de cumprir o tempo, a tabela do jornal. Que cara vou falar para minha esposa que entreguei o jogo? Com todo respeito, isso não existe. Todos ganham bem, não vai ser meia dúzia de real que vai entrar em campo para entregar jogo.
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